12 de set. de 2011

My Never (2010)

“That doesn’t happen to me, I’ve never been here before. I saw forever in my never.”

Nunca jamais pareceu algo tão perto. Nunca jamais foi uma possibilidade considerável, até agora. Nunca também é pra sempre, pra sempre a ausência. Olhar pra frente e ver a ausência de qualquer coisa. Saber que você não terá mais aquilo, ou que simplesmente algo não acontecerá de jeito nenhum. Saber que a falta disso tem uma duração infinita. Olhar pra frente e ver “nunca” faz com que tudo envolta perca um pouco do sentido.

It’s never my luck, so never mind. I’ve lost a lot of what I don’t expect to ever return.

Smoke and Mirrors (2009)

Ele olhou pela janela, e tudo que viu poderia ser visto em um espelho. Mas ele sabe. Ele sabe que o mundo não pode ser visto pelo espelho, que o ego dele tá ferido e sabe o que ele não quer. E é o bastante.

Ele olha pro lado e não tem ninguém. Mas ele sabe que isso é uma decisão dele, e volta logo a olhar pro espelho. Estranho como ele gosta de olhar pra ele mesmo enquanto ele pensa na própria vida. Olha cada expressão dramática que tem no seu rosto, olha pras próprias olheiras causadas por desgaste emocional, olha pra sua cara abatida e sente pena de si mesmo. Ele é a vítima. Ele sabe que é o bastante e volta à sua rotina, com seus sorrisos de plástico e suas mentirinhas brancas pra levar o dia.

Ela olha pra ele, ela se vê naquele drama todo. Ele não a vê, ela se encontra bem longe do espelho pra que ele possa fazê-lo. Ela é a imagem dele disfarçada de educação e consideração. De tanta consideração, ela é invisível, intocável, colocada em um pedestal onde ela não quer estar.

Ao passar do tempo, ela se aproxima do espelho, e lá está ela, no topo do pedestal, em segundo plano. E lá está ele, pronto pra continuar olhando pra frente, pensando em olhar pra trás.

Ela não sabe amar.
Muito menos ele.
Mas eles amam compartilhar o espelho, e isso é tudo.