19 de abr. de 2010

Suficientemente Indiferente

Engraçado como eu consigo perceber com facilidade diferentes fases da minha vida, e é engraçado eu enxergar com clareza o motivo pelo qual me encontro em cada uma delas. Sendo assim, o “normal” seria eu simplesmente mudar as fases ruins, mas não, saber as raízes do problema não é suficiente.

Às vezes, nada parece suficiente. Nem suficiente pra estar bom, nem suficiente pra estar ruim. Apenas suficiente pra estar suficiente, medíocre, com tendências maiores a piorar. As tendências são insuportáveis, e isso é suficiente. Se não é suficiente, pelo menos deveria ser um tipo de estímulo pra alguma mudança.

Lembro-me do dia que acordei e a única frase que falei pra minha mãe foi “tá tudo errado”. Lembro-me do dia há alguns meses atrás que acordei e falei que tudo ia dar certo, quando tinha tudo pra dar errado. Meia-noite e meia em um Domingo, no meio da semana de provões e eu me sinto errada. Não tenho caderno nenhum, mal estudei biologia, faltam três capítulos pra eu estudar Geografia e nem no livro eu toquei ainda, estando esse debaixo do teclado que digito tudo isso. Antes fosse só isso.

Olho em volta e tudo que vejo é embaçado, com contornos indefinidos. No momento, tudo que ouço é o barulho do teclado misturado com um tic-tac irritante que meu relógio de pulso faz. Desde quando eu comecei a usar relógio? Quando paro pra ouvir melhor, ouço o barulho do meu computador, do outro relógio da parede e de um carro na rua. Tudo parece bem distante, esse silêncio sabe me matar na medida certa. Essa ausência de extremos me corrói e me imerge num silêncio solitário que só eu sei qual é. É o meu silêncio. A minha falta de iniciativa, a minha falta de forças, meus erros.

Meus erros sempre me pareceram suficientes, sempre me pareceram oportunamente corretos e justificáveis. Hoje me sinto cínica querendo justificá-los, quando eu tive todas as chances pra acertar. Minhas chances nunca me pareceram suficientes, sempre procurei por algo a mais dentro da tal da mediocridade, mas acho que não tô aqui só pra procurar respostas pra perguntas impossíveis de serem respondidas. Meus erros tão “corretos” passaram a se mostrar indiferentes ao meu próprio julgamento.

Já não julgo mais quase nada. Quando digo “quase”, eu realmente quero dizer isso. Quando digo que quero continuar de outra forma, também é exatamente isso que quero dizer. Aceito a credibilidade nas minhas palavras, algumas que tomaram um valor desprezível por promessas não cumpridas. Eu sempre mantivera minha palavra, até hoje. “Promises are better left unsaid”, não é mesmo, Bruna? Promessas podem ser implícitas, mas o que prometo pra mim mesma é sempre o que encontro mais dificuldade de cumprir.

Quebrei promessas comigo mesma e, mesmo assim, não é o auge, não é o ápice. É só um começo. Começo de mais uma mudança na minha vida, quando ~outrora~ me perguntei como seguir em frente quando tudo parece tão indiferente à suposta vontade de seguir.

5 comentários:

  1. "Às vezes, nada parece suficiente. Nem suficiente pra estar bom, nem suficiente pra estar ruim." É exatamente assim que eu me sinto. Tá ótimo, Bruna! Vai virar escritora, hahaha.

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  2. Eu adorei o post! E consegui me identificar com muita coisa da qual você falou. Ficou muuuuito bom!

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  3. Tentando honrar a MDC -n-q
    ahahahaha

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