6 de dez. de 2010

Coffeeshop Soundtrack

Ela fuma todo o maço de cigarros em menos de uma hora e diz não acreditar em amor. Mesmo com toda aquela autoconfiança, algo por trás das três camadas de rímel mal aplicadas me dizia algo a mais, talvez uma contradição. Percebia ali um olhar vazio e desmotivado, que no fundo gritava muito mais do que qualquer roupa que ela usava, berrava algo por trás daquela sua típica agressividade, e dizia que ela acreditava em muito mais do que ela se permitia apalpar.

Ela sou eu. Ela toma conta de mim. Meu alterego, meu lado menos conhecido.

Eu saí em busca de sorrisos para tampar minhas necessidades por respostas. Cautelosamente me guardei para minhas decepções, dizendo que o mundo é uma merda. Debaixo dessa farsa, bate um coração meio quebrado e arranhado, colado com fita durex. Fita durex daquelas vagabundas que soltam de vez em quando. A solidão sempre fora minha companhia mais nostálgica.

Sentada em um balanço de um parque, olhando para o céu cinzento, tenho a certeza de que o mundo, ao contrário do que digo, é muito mais do que aparenta ser, porém só pode ser admirado por mim quando olhado de outra forma, com efeitos visuais e uma saturação diferente de cores. De outra forma, onde o amor existe para mim e onde a simples compaixão sozinha é deixada de lado, pois ela por si só não se passa de pena com sentimento de frustração.

"I can keep a secret if you can keep me guessing. The flavor of your lips is enough to keep pressing for more than just a moment of truth between the lies told to pull ourselves away from the lives we leave back home..."

Largo minha máscara aqui. Talvez eu acredite em amor, sim. Não como eu acreditara uma vez. Mas todo dia quando acordo, abro as janelas em procura de algo a mais. Eu quero algo a mais.

Um comentário:

  1. Máscaras e máscaras. O mundo está repleto de pessoas que dizem ser, de pessoas que finger ser, de pessoas que querem ser.
    Porém quando você diz ser, finge ser e quer ser, você não repara que você já é.

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